quinta-feira, 30 de novembro de 2017

TUDO POR MEDO

Na fazenda girassol
Pertencente a Zé Macedo
Um cara trabalhador
Começava muito cedo
Resolver todo problema
Mas o seu maior dilema
Era de alma ter medo

Guardava este segredo
Por ser um homem valente
Se o povo descobrisse
Baixava sua patente
Como tudo sai á tona
Sua mulher Arizona
Apresentou-se doente

Era tudo rudemente
Sem estrada sem transporte
Zé olhou pro céu dizendo
Meu Deus tenho que ser forte
Meteu o pé na carreira
Pra ir buscar a parteira
Ali era vida ou morte

Faltou um pouco de sorte
Porque a noite era escura
São Pedro abriu torneiras
Água fazia abertura
No chão aonde pisava
Caia e se levantava
Com muita machucadura

Do que ia a procura
Não podia desistir
Sua preocupação
Era Arizona parir
Naquele lugar sozinha
Pois o recurso que tinha
A viagem prosseguir

Ali começou ouvir
Uma estranha zuada
Debaixo dum juazeiro
Como se fosse palmada
Nas suas pernas batendo
O medo ia crescendo
De coisa mal assombrada

Na difícil caminhada
Todo tremendo molhado
Chegou na beira do rio
E permaneceu parado
Pois não sabia nadar
Sem poder atravessar
Ficou mais desesperado

Sentiu o corpo forçado
Voltar no mesmo caminho
A chuva tava mais forte
Naquele abismo sozinho
Medo maior inimigo
Só pensava no perigo
Pisava devagarinho

Escutava direitinho
Que a zuada  crescia
Batendo nas suas pernas
Parava e diminuia
Ficou muito encabulado
Aquele mal assombrado
Com ele permanecia

Aquilo acontecia
Por não ter conhecimento
Que a calça que vestia
Estando em movimento
Fazia uma zuada
Quando ficava parada
Silenciava o momento

Era mescla cem por cento
De marca Santa Izabel
Modelo boca de sino
Naquela noite cruel
Fez sua inauguração
Pensou ser assombração
Perdeu até o chapéu

Já tinha limpado o céu
 O dia amanheceu
Sofrimento e o medo
Também desapareceu
A calça rebolou fora
Chegou em casa na hora
Que a criança nasceu.

Escreveu:HELENA BEZERRA.