sábado, 24 de agosto de 2019

   

  AS DORES DA REJEIÇÃO


Quando o ser humano nasce
Recebe uma proteção
Se dela fizer bom uso
Enriquece o coração
E Deus fica no comando
Apontando a direção

O cordel vai relatar
Um fato acontecido
Com um jovem muito pobre
Que vivia sucumbido
Somente da vizinhança
Ele era conhecido

Um dia foi a cidade
Ficou perto dum jardim
Lá avistou uma jovem
Colhendo flor de jasmim
Tão linda que apaixonou
O coração de Joaquim

Olhando aquela beleza
De súbito se arrepiou
E pela primeira vez
Seu coração apertou
Revestiu-se de coragem
E dela se aproximou

Interrogou-a dizendo
Você quer casar comigo?
Ela muito aborrecida
Disse fujo do perigo
Um homem pobre pra mim
É o pior inimigo

Com esta dura resposta
Conteve as lágrimas e saiu
O peito dilacerou-se
Pela dor que atingiu
O coração mergulhou-se
Na tristeza que sentiu

Vivia só meditando
A tamanha grosseria
De ter sido rejeitado
Porque nada possuía
O desprezo lhe afastava
Daquela que mais queria

Sem perder a esperança
Todo dia trabalhava
Só gastava o necessário
Sempre economizava
Investia na poupança
O pouco que lhe sobrava

Por ser muito confiante
Que um dia ia vencer
Jesus lhe favoreceu
Tudo passou a crescer
Na vida daquele jovem
Diminuiu o sofrer

O progresso evoluiu
O estudo cresceu mais
Rico em comportamento
Admirava os demais
Agradecia Jesus
E a educação dos pais.

Gostava de partilhar
Aos  famintos alimentos
Cresceu em sabedoria
Cultura e conhecimentos
Agia com caridade
Combatendo os sofrimentos.

Nunca sentia atração
Quando via uma donzela
Pois não tirava da mente
Aquela mulher tão bela
Sofria por seu desprezo
Mais era louco por ela.

Um dia foi passear
Pelo shopin da cidade
Quando de súbito encontrou
Aquela que na verdade
Em uma década passada
Lhes tratou com crueldade

Ela o reconheceu
Foi logo dizendo assim
Hoje já estou casada
Meu homem cuida de mim
Ganha mais de vinte mil
Com você era meu fim

Quem vem da classe plebéia
Nunca se espera crescer
Se eu tivesse aceitado
A me casar com você
Talvez o que tu ganhasse
Não dava pra nós comer

O homem ficou ouvindo
Lágrimas no rosto descia
Era a mulher dos seus sonhos
Mas a ganancia impedia
Sufocava o coração
De quem tanto ele queria

Sem dizer uma palavra
Dali foi se retirando
Naquele mesmo momento
Um homem vinha chegando
Era o marido dela
E assim foi se expressando.

Meu patrão você aqui?
O prazer é todo meu
Esta é minha esposa
Presente que Deus me deu
E tu o homem mais rico
Que a América conheceu

Ao ouvir estas palavras
Ela quase desmaiou
Morta de arrependida
Ao marido perguntou
O que dissestes é verdade?
Com gesto ele confirmou.

Partilhou o que sabia
Da história do patrão
Meu bem ele era pobre
Teve uma grande paixão
E a moça não aceitou
Por ser ele um pobretão.

Ficou decepcionado
Com o que aconteceu
Não tirava ela da mente
Estudou muito e venceu
Dono de muitas riquezas
Mas mulher não conheceu.

Ela muito angustiada
Porém não quis revelar
Que  a mulher era ela
Que não aceitou casar
Devido sua pobreza
Mandou-o se retirar

A vida ficou sem graça
O egoismo venceu
Não conheceu o amor
A matéria adoeceu
Depois da revelação
Com dois meses faleceu.

Enquanto o mundo girar
Em torno só do poder
Sem dar vaga para o amor
Se apoderar e viver
Indicando a cada um
Trocar o ter pelo ser.

Autora:HELENA BEZERRA.