Tontõe um agricultor
Trabalhador esforçado
Lutava a semana toda
E não ficava cansado
Todo sábado ia pra feira
No seu cavalo selado.
As compras eram colocadas
Em cada alforge da sela
O que sobrava trazia
Em cima da lua dela
Ali trazia a mistura
Pra colocar na panela.
Trabalhava na intensão
De um transporte comprar
Vendeu porco, bode e cabra
Para poder completar
Com a safra do algodão
Somou e foi pechinchar.
Comprou um Jeep Toyota
Causou admiração
Aquela comunidade
Vibrou de animação
Pois um transporte daquele
Chamava muita atenção.
Incentivou o seu filho
Aprender a dirigir
Aquele transporte raro
Ele pôde conseguir
Para levar a família
Aonde quisesse ir.
Virou um comerciante
Comprando e revendendo
De frutas e cereais
Ele ia abastecendo
Bodegas da região
E o capital crescendo.
Não ficando satisfeito
E sempre buscando mais
Começou a fazer fretes
Indo a outros locais
Aí o bicho pegou
Começou andar pra trás.
Dava prego na viagem
E o chofer sem entender
Mecânico só na cidade
Isso era muito sofrer
Ficava noite na estrada
Até o amanhecer
Transportava os idosos
Para se aposentar
A sede muito distante
Demoravam pra chegar
Deixavam o frete fiado
Por não ter com que pagar.
As estradas carroçáveis
Feita pela mão humana
Pedras grotas e buracos
Enfrentava toda semana
Para poder transitar
Nessa região serrana.
Viajavam prevenidos
Com foice pá e enxada
A mão de obra era grande
Foi não foi uma parada
E o carro cheio de gente
No desconforto da estrada.
Certa vez aconteceu
Uma chuva no momento
A escuridão da noite
Causava medo e tormento
O rio sem dar passagens
Foi o maior sofrimento.
Somente no outro dia
Cada um foi transportado
Passaram o rio nadando
O carro do outro lado
Passou mais duma semana
Esse transporte parado.
Nada estava dando certo
E o dono sempre teimando
As viagens negativas
Os prejuisos aumentando
Mas ele sempre insistia
Todo dia viajando.
O que ganhava não dava
Para as despesas cobrir
Foi desfazendo do gado
Para se sobressair
Continuava teimando
Para o carro prosseguir.
Todo sábado era sagrado
O Toyota se enchia
De gente pra ir a feira
Comprar o que deveria
Para chegar a cidade
A serra grande descia.
Os passageiros saiam
Todo dinheiro gastava
Passava o dia esperando
Somente a tarde voltava
Mas pra pagar a passagem
O dinheiro não sobrava
Documentações em dias
Motorista com carteira
O curral com pouco gado
De saldo só o da feira
Porque o transporte herdeiro
Ia passando rasteira.
Diminuiu a mesada
Na safra de algodão
No Natal não houve festa
Foi ruim a situação
Pois o transporte causou
Muita insatisfação.
Funcionou muito tempo
Nesse vai e vem da vida
O proprietário forte
Com coragem desmedida
Todos lhes obedecia
Pra não ter contra partida.
Dispensou todos feirantes
Com frutas negociava
No inicio evoluiu
Nos arredores comprava
Aquelas mercadorias
No comercio despachava.
Tomou uma atitude
De limões o carro encher
Quando chegou no destino
O povo não quis nem ver
Usou todas estratégias
E nenhum pôde vender.
Anoiteceu ele ali
Surgiu uma solução
Abriu do carro a traseira
Fez enchente de limão
Gritou estufando o peito
Vão fazer besta do cão.
Ordenou o motorista
Siga pra frente ou pra trás
Não olhe nem pra meu lado
Porque meu gênio é voraz
Vou vender essa porqueira
não venho aqui nunca mais.
Autora; Helena Bezerra.