segunda-feira, 25 de setembro de 2023

TONTÕE E O TOYOTA.

 Tontõe um agricultor

Trabalhador esforçado

Lutava a semana toda

E não ficava cansado

Todo sábado ia pra feira

No seu cavalo selado.


As compras eram colocadas

Em cada alforge da sela

O que sobrava trazia

Em cima da lua dela

Ali trazia a mistura

Pra colocar na panela.


Trabalhava na intensão

De um transporte comprar

Vendeu porco, bode e cabra

Para poder completar

Com a safra do algodão

Somou e foi pechinchar.


Comprou um Jeep Toyota

Causou admiração

Aquela comunidade

Vibrou de animação

Pois um transporte daquele

Chamava muita atenção.


Incentivou o seu filho

Aprender a dirigir

Aquele transporte raro

Ele pôde conseguir

Para levar a família

Aonde quisesse ir.


Virou um comerciante

Comprando e revendendo

De frutas e cereais 

Ele ia abastecendo

Bodegas da região

E o capital crescendo.


Não ficando satisfeito

E sempre buscando mais

Começou a fazer fretes

Indo a outros locais

Aí o bicho pegou

Começou andar pra trás.


Dava prego na viagem

E o chofer sem entender

Mecânico só na cidade

Isso era muito sofrer

Ficava noite na estrada

Até o amanhecer


Transportava os idosos

Para se aposentar 

A sede muito distante

Demoravam pra chegar

Deixavam o frete fiado

Por não ter com que pagar.


As estradas carroçáveis

Feita pela mão humana

Pedras grotas e buracos

Enfrentava toda semana

Para poder transitar

Nessa região serrana.


Viajavam prevenidos

Com foice pá e enxada

A mão de obra era grande

Foi não foi uma parada

E o carro cheio de gente

No desconforto da estrada.


Certa vez aconteceu

Uma chuva no momento

A escuridão da noite

Causava medo e tormento

O rio sem dar passagens

Foi o maior sofrimento.


Somente no outro dia

Cada um foi transportado

Passaram o rio nadando

O carro do outro lado

Passou mais duma semana

Esse transporte parado.


Nada estava dando certo

E o dono sempre teimando

As viagens negativas

Os prejuisos aumentando

Mas ele sempre insistia

Todo dia viajando.


O que ganhava não dava

Para as despesas cobrir

Foi desfazendo do gado

Para se sobressair

Continuava teimando

Para o carro prosseguir.


Todo sábado era sagrado

O Toyota se enchia

De gente pra ir a feira

Comprar o que deveria

Para chegar a cidade

A serra grande descia.


Os passageiros saiam

Todo dinheiro gastava

Passava o dia esperando

Somente a tarde voltava

Mas pra pagar a passagem

O dinheiro não sobrava


Documentações em dias

Motorista com carteira

O curral com pouco gado

De saldo só o da feira

Porque o transporte herdeiro

Ia passando rasteira.


Diminuiu a mesada

Na safra de algodão

No Natal não houve festa

Foi ruim a situação

Pois o transporte causou

Muita insatisfação.


Funcionou muito tempo

Nesse vai e vem da vida

O proprietário forte

Com coragem desmedida

Todos lhes obedecia

Pra não ter contra partida.


Dispensou todos feirantes

Com frutas negociava

No inicio evoluiu

Nos arredores comprava

Aquelas mercadorias

No comercio despachava.


Tomou uma atitude

De limões o carro encher

Quando chegou no destino

O povo não quis nem ver

Usou todas estratégias

E  nenhum pôde vender.


Anoiteceu ele ali

Surgiu uma solução

Abriu do carro a traseira

Fez enchente de limão

Gritou estufando o peito

Vão fazer besta do cão.


Ordenou o motorista

Siga pra frente ou pra trás

Não olhe nem pra meu lado

Porque meu gênio é voraz

Vou vender essa porqueira

não venho aqui nunca mais.


Autora; Helena Bezerra.