O sertão só despertava
Pela voz do rouxinol
Antes de chegar o sol
A sua voz ecoava
Quem podia acompanhava
Aquela orquestração
Só resta recordação
De quem animava tanto
Ninguém mais escuta o canto
Do rouxinol do sertão.
Não existia tristeza
Onde o rouxinol cantava
Sua presença emanava
Alegria amor beleza
Enfeitava a natureza
Quando cantava canção
Da mente pro coração
O remexido era tanto
Ninguém mais escuta o canto
Do rouxinol do sertão.
Esse rouxinol nasceu
Num ninho do Seridó
Começou cantando só
E com grupo se envolveu
Todo congresso venceu
Na arte era campeão
Parou de cantar canção
Seus fãs derramaram pranto
Ninguém mais escuta o canto
Do rouxinol do sertão.
Sua voz era completa
Pois tinha capacidade
De atingir na verdade
O que precisa um poeta
Na poesia um atleta
Com timbre e afinação
No meio duma animação
Caiu causando um espanto
Ninguém mais escuta o canto
do rouxinol do sertão.
mote de Zé Bezerra
glosa de Helena Bezerra.