terça-feira, 22 de outubro de 2013

PRIMEIRA CARSA COMPRIDA



Muntas coisas do passado
Eu nunca pude esquecê
Purisso achei adequado
Esta istora iscrevê
Sobre uma peça de rôpa
Qui  tanto eu quiria tê
               
No tempo que era nova
Muiè será num usava
Andar de carça comprida
Pruque os pais num deixava
E quem vistia o povo
Dizia qui num prestava
                
Eu tinha  munta vontade
De vistir carsa cumprida
Mas num pudia dizer
Pra num ser repreendida
Até sonhar eu sonhei
Em uma carsa vistida
                
Se puracaso as muiés
Inventasse de usá
Era pru baxo da saia
Cono ia trabaià
No roçado e no açude
Cono roupa ia lavá
             
Eu  me sintia filiz
Tano no  roçado sò
Rebolava a saia fora
Na carsa arroxava o nò
Eficava me olhano
Da cintura ao mocotó
                
Dispôs qui eu me casei
Meu marido liberou
Um metro e mei  de ticido
Cum munto gosto comprou
E disse faça uma  carsa
Qui  você  nunca usou
                
Cumeu sabia fazê
Cortei logo e custurei
Fiz  o mudelo da moda
Qui na vizinhaça achei
Era lisa sem ter borso
E a boca de paimo e mei

                    
O ticido era amarelo
Da cor de jimun maduro
Era um linho munto mole
Briava até no iscuro
Coneu visti istranhei
E saí andano duro
              
Aquela peça  amarela
As muiès arrebatou
Fizero toda  de carsa
E nem uma se tocou
De um dia se reuni
Vistida da merma cor
              
A minha tava gurdada
Uma viagem isperano
Pra  puder inaigurà
Queu num tava aguentano
A demora de vistir
E ao povo sair mostrano

Pra saciar esse gosto
Convidei cum aligria
Duas prima excelentes
Tudo chamada Maria
Elas cum gosto aceitaro
O cumvite que eu fazia
                 
Era pra ir de apé
Comprar ticido na feira
Da cidade Antonio Mrartins
Subindo alto e ladeira
Com três léguas de distãnça
Dêxava munta canseira
                   
Foi pura  coincidença
Pruque ninguém combinou
Visti  de iguá pra iguá
Ninguém num imaginou
E lá vai nós na istrada
Cum as carças da mesma cor
                    
Tombem do mermo mudelo
Nós três já ia cansada
Sol quente agonizante
Cada qual munto suada
Cuno entremo na rua
Aja o povo dá rizada
               
O povo se divirtiu
Pruque chamava atenção
Nós três num se separava
Nem se houvesse precisão
Fizemus compras e saimus
Todas oiando pru chão
               
Divido sim cabulá
Cum que o povo dizia
Vortemu um ora da tarde
Cumê ninguém nun quiria
As cinco ora cheguemo
Lá na minha moradia
                 
Foi um impacto tão forte
Qui coneu ia usá
Aminha carça amarela
Primeiro ia ispiculá
Se  Maria mais Maria
Ia praquele lugá
              







                                             

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