terça-feira, 22 de abril de 2014

MATUTICE DE INÊS


Antigamente existiu
Muitos fatos parecidos
Com esse que vou contar
Ocorreu com conhecidos
Registrei pra não ficar
No mundo dos esquecidos

Trata-se de uma menina
Conhecida por  Inês
Anaifa de pai e mãe
Muito ruim o português
Por isso escrevo matuto
E transmito pra vocês

Uns quinze irmãos ela tinha
Era tudo incabulado
Um deles adoeceu
E só vivia prostado
Um dia o pai resolveu
Levá pra ser internado

Pra lhe fazer companhia
O pai escuieu  Inês
Era a mais desenvoivida
Dos fi de seu Polonez
Por isso aceitou sair
De casa a primeira vez

Oito hora de carroça
Pra chegá no ospitá
Cuno médico inzaminou
Atestou um grande má
Fez logo o internamento
Achano o caso anormá

O paciente era instave
Nem a pestana batia
Tumano medicamento
Inês de nada servia
Pelejava pra falá
Porém a voz num saia

Um quarto cum duas cama
Pru paciente e pra ela
Mas ela ficou de coca
Cum medo de deitar nela
Pensava que só doente
Pudia ocupar ela

Já era de madrugada
Cono arroxou im Inês
Uma vontade danada
Discontrolada ela fez
Xixi num canto isquisito
Qui viu a primeira vez

O bojo ela associou
Isso é de fazer serviço
Mas cono se dispaxou
Pensou o qui diabo é isso
E foi puxano o cordão
E lá vem o rebuliço

Disparou água desceno
Num tinha Cuma Pará
Inês num canto do quarto
Só se valeu de rezá
Toda oração qui sabia
E só uvia o xuaaaaaaá

Se valeu dos santo tudo
Fartava  Frei Damião
Conela se valeu dele
Vem meu santo do sertão
Aí uviu um baruio
Naquela ocasião

Esse  baruio  era iguá
O  qui tinha aconticido
Inês  foi se acaimano
Meu Deus munto agradecido
Pensei   tê dirmantelado
O troço discunincido

Ai criou aima nova
Se alembrou do irmão
Ficou oiano pra ele
Que já mixia uma mão
E aos pouco  foi miorano
Aquela situação

Cum três sumana dispôs
O seu irmão teve arta
Pidiro a infermeira
Mode iscrevê uma carta
Pra mode avisá os pais
Polonês e dona Marta

Ela respondeu num faço
É  mio telefoná
Venha que mostro a TELERN
É só pagar e ligá
Diga que mande a carroça
Mode  vocês regressá

Ela pensava consigo
Sorte curta a de Inês
A moça mexeu nuns troços
Disse entre é sua vez
Entrou num quarto apertado
Ficou em pé nada fez

Segurou o telefone
Colocou o lado errado
Sincabulou-se demais
Era um chiado danado
Nem escutou nem falou
Nada foi comunicado

Foi saino sem saber
Que a porta tava fechada
Pois era toda de vidro
Foi grande a barruada
Surgiu ematomas e dores
Na cara dessa coitada

Chamou a atenção de todos
Que estava no locá
Atelefonista dixe
Tá cega pra barruá
Pru favor saia daqui 
Suma-se com seu azá

Saiu frustada correno
O rosto em sangue banhado
Cone entrou no hospitá
O médico tava espantado
Olhou pra ela  dizeno
Tudo aqui tá dano errado

O seu irmão demonstrou
Que estava miorano
Mais recibi os inzame
E estava analizano
Ele tá morre num morre
Vá logo se preparano

Inês nem sentiu neivoso
Botou Deus no coração
Fizero incamiamento
Ela foi cum seu irmão
Pra capitá do estado
A busca de solução

Foi um dia de viagem
Na estrada poeirenta
O carro véi a bujão
Só  quem precisa enfrenta
O chofre todo enjoado
E a quilometragem setenta

Chegaro a boca da noite
No referido ospitá
Tudo amarelo de fome
Nem um tostão pra comprá
Um pouco de alimento
Pra podê se alimentá

Cuma sega sem ter guia
Inês foi imburacano
Segurano seu irmão
Pra todo lado ispiano
Até chegá no local
Que estava procurano

Foi ai que seu irmão
Selembrou de ispiá
O resurtado do inzame
Que levava pra mostrá
O nome num era o dele
E começou a gritá

Esse nome num é meu
Foi tamanha a alegria
Inês  ficou sem saber
Se pulava ou se corria
Chamava atenção do povo
Os gestos quela fazia

O médico se atrapaiou
Deu o inzame trocado
Acusano uma doença
Que ninguém tem escapado
Entrava logo na fila
Para se torná  finado

Por causa dum erro médico
Aumentou o sofrimento
Mas Deus livrou da pior
Mostrando esclarecimento
Antes desse paciente
Receber  internamento

Não apresentaram  nada
Naquela recepção
Vortaro no mesmo carro
Com a firme decisão
De ter jogado pra fora
A dolorosa aflição

Uma noite de viagem
Pára aqui pára aculá
Se dava o prego Inês
Descia  pra impurrá
Forçava tanto o pulmão
Qui só fartava estourá

São tantos acontecidos
Que Inês tem enfrentado
O perfil duma matuta
Muito tem lhe judiado
Mas orgulhosa ela diz
Me sinto muito feliz
Matuta do pé rachado.





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