PERCURSO PRA FEIRA
De viajar bem cedinho
O dinheiro bem curtinho
De trinta só a metade
Pra ir a outra cidade
Um negócio resolver
Então decidi descer
E esperar o caminhão
Que tinha obrigação
Levar feirista e trazer.
De outra cidade vinha
Este transporte esperado
Consegui uma vaguinha
Num grande amontoado
Saí com pé enganchado
Na trave do caminhão
Recebendo arranhão
Dum arame enferrujado
Balaio de ovos ao lado
Pra eu prestar atenção
Naquele percurso certo
Rezava-se oração
Estava ali por perto
São Cristovam Damião
Pra proteger na estrada
Quase toda parada
Entrava um passageiro
Aqui acolá um cheiro
Desagradável saia
E a lotação seguia
Pra completar o roteiro
No rosto dos passageiros
Um sorriso estampado
Vendo o carro parado
Em frente uma garapeira
Seguiam todos pra feira
Alguns produtos comprar
Alguns iam pechinchar
Fazendo economia
Era uma garantia
Pra noutra feira voltar
No pino do meio dia
Todos estavam no carro
Conduzindo o que podia
Fumando em um cigarro
Entrando no caminhão
Uns vinte e cinco no chão
Gritando deixe eu entrar
Para ir organizando
Muitos sacos colocando
Pro passageiro sentar
Compravam no atacado
Alimentos e animais
Era tudo misturado
Uns na frente outros atrás
Bode e ovelhas berrando
Galinha cacarejando
Os cachorros e os suínos
Madeira pra construção
Gaiolas potes e pilão
Adultos jovens e meninos
Mas esta farra acabou
Deixando recordação
A crise já descartou
Feiristas o caminhão
Que iam toda semana
Desapareceu a grana
Tudo por corrupção
Feita pelos marajás
O roubo da Petrobrás
Empobreceu a nação.
HELENA BEZERRA.
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