UM MATUTO FÃ DE POLÍTICO
Um
trabaiador da roça
Disposto qui
nem trator
Tinha uma
grande famia
Tudim era agricultor
Lutava a
sumana inteira
No sabo ia
pra feira
Saber de
tudo o valor
Cuma tem
gosto pá tudo
Ele sentia
paxão
Pelas
campanha pulítica
Pra dá sua
opinião
E o candidato
iscuiê
Pra seu voto
oferecê
No dia da
eleição.
No discorrê de
setenta
Uma campanha
estourou
O raido
contava tudo
E aquele agricultor
Seu candidato
iscuieu
Obrigava o
povo seu
Votar onde
ele votou.
Um dia ficou
sabeno
Que seu candidato
vinha
Inargurá um
açude
Que im outo
lugá tinha
Ele ficou
animado
Ramo trabaiá
drobado
Pra nós ir
essa festinha
A turma
ficou filiz
Deu pulo de
alegria
Até um ora
da tarde
O só quente
qui duía
Ninguém num quis
aimunçá
No sentido de
andá
O apetite
fugia.
As duas ora
partiram
Pra chegá antes
da ora
Quato légua
de distânça
Iam de
língua de fora
Serra a cima
serra abaxo
Ainda fizero
faxo
Dispôs do
dia ir imbora.
Tudo a pé
camiano
Cum sede fome
e suado
Os pés
iscorreno sangue
O coipo
istrupiado
A noite
iscuro trazia
Só tinha um
que dizia
Ou passeio
disgraçado.
Até que im
fim chegaro
Cumprino
todo trajeto
Era burburim
danado
Ninguém num
ficava queto
Com terra
solta e poeira
Formaro uma
barreira
Difice de chegar perto.
Se acomodaro
im pé
Um som roco
zuadano
E o pra lá e
pracá
Do pessoá isperano
Os candidato
chegá
E o cumilso
cumeçá
Era só
anunciano.
As dez da
noite lá vem
Estrondo
tremendo o chão
O povo paralisou
No mei da escuridão
Todo minino
chorava
E o besourão
baxava
Jogano terra e torrão.
De dento
dele saiu
Três ome de
palitó
Levantano a
mão po povo
Cum a tira
no gogó
Um começou a
falá
Dizia cuneu ganhá
Tudo aqui
vai ser mió.
Paima e viva
zuava
Tudo era
munto animado
Até qui
imfim falou
O candidato isperado
Ai houve foguetão
Preencheu o
caminhão
O povo
dipindurado.
Prometeu
tudo de bom
Energia,
água incanada
Trabaio pra
todo mundo
Impresto sem
pagar nada
Casa pra
quem nada tem
E cesta
básica também
Já está
assegurada.
O ome cum a
famia
Qui tanto se
isforçou
Para vê o seu canidato
Nem perto
dele chegou
Com a voz
rouca dizia
Estou
esperano o dia
Mode votar
com o sinhô.
Terminano o falatório
Disse ele
vamo negrada
A viagem é
munto longe
Tá munto
iscura a estrada
Coidado pra
num cair
Esperte pra
não drumir
É longe
nossa jornada.
Um Xeleléu
de pulitico
Disse vou
mandar deixar
Tem carro a
disposição
Pru eleitor carregá
O nosso
partido é forte
Tem gasolina
e transporte
A demora é
só falar.
Foi tanta
felicidade
Fluída
naquela hora
Uvino aquela
promessa
Maior ainda
a demora
A paciência
esgotou
Depois o
cara chegou
Se ageite
pra ir agora.
Lá vem vindo
o estremeço
Dum trator
véi de esteira
Uma carroça engatada
Incostou
numa barreira
O tratorista
abusado
Disse vão
bem agarrado
Que ainda
venho pra feira.
Cone imposição
ficaro
O bicho deu
arrancada
O engate era
três metros
Deixando bem
afastada
A carroça do
trator
A zuada do
motor
Estremecia a
estrada.
A voz do
home bradava
Como é bom
andar de carro
Se num fosse
meu pulitico
Nós ia
amassano barro
Purisso qui
dou valor
Vou morrer
seno eleitor
Quem falar dele eu amarro.
A estrada esburacada
Toda de mato
coberta
A cipoada na
cara
Deixava a
mundiça esperta
Maicava o
rumo e discia
E nouto morro subia
E o medo em todos aperta.
As sete hora
do dia
A viagem terminou
Batêro toda
puêra
Ninguém nada
recramou
Fôro tudim
pro roçado
O véio ficou deitado
Pruque num aguentou.
Os fi quiria dizer
Qui tava cum munto sono
Mais num tivero corage
Fôro trabaiá tombano
Uma ressaca daquela
Ninguém num esquece ela
Mesmo viveno cem ano.
Autora ;HELENA BEZERRA.
Autora ;HELENA BEZERRA.
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