Samira
uma nordestina
Do Rio Grande do Norte
Nasceu lá em Macambira
Nunca praticou esporte
No ramo da agricultura
Sempre demonstrou ser forte
Foi
ela a terceira filha
De Otavo e Augustinha
Aos sete anos de idade
Pra roça se encaminha
Mesmo produzindo pouco
Só voltava à tardezinha.
Assim
Samira vivia
Se esforçando a trabalhar
Todo ano era um irmão
E ela tentando a ajudar
Na criação dos moleques
Que só faziam chorar.
As
cinco horas da tarde
Vinha da roça chegando
A mãe lhe dava um menino
Pois já estava esperando
Ela morta de cansada
As vezes ficava chorando.
Sem
poder tomar banho
Na parede se encostava
Devido o corpo cansado
De quando em vez cochilava
Só não podia dormir
O moleque não deixava.
No
outro dia bem cedo
Depois do galo cantar
Já ia a procura d’água
Antes dos pais acordar
Já tinha enchido um pote
Um balde e um agridar.
Seguindo
este roteiro
Sem tempo para estudar
Se criou analfabeta
Só fazia trabalhar
Na roça e botando água
Sem um dia feriar
As
suas características
Era gorducha e baixinha
Uma branca avermelhada
Perna fina e pansudinha
Sem pescoço e venta grande
E a voz muito rouquinha.
A
família muito grande
Para vestir e calçar
Somente uma vez por ano
O pai podia comprar
Duas peças de tecidos
Difícil era costurar.
Devido
as dificuldades
Um dia a mãe resolveu
Tirar Samira da roça
E numa escola a inscreveu
Pra fazer corte-costura
Mas ela não aprendeu.
Cinco
meses e três semanas
Ela passou pelejando
Traçava e recortava
As peças ia emendando
No final não dava certo
Sobrava ou estava faltando
.
Quando das aulas saiu
Foi um vestido fazer
Um tubo de linha zebra
Gastou todinho pra cozer
Costurando e desmanchando
Findou botando a perder.
A
mãe vendo o movimento
E tamanho do prejuízo
Deu-lhe uma pisa cruel
Doeu até no juízo
Da próxima lhe tiro o couro
Preste atenção no aviso.
A
pobre ficou nervosa
Mas tinha que assumir
Costurava sem saber
Pra poder retribuir
Aquela enorme despeza
Que ela deu sem pedir.
Devido
a pouca prática
Ela errava demais
Costurava pros irmãos
Botando a frente pra trás
Até pro irmão mais velho
Que já estava rapaz.
E
assim continuou
Errando e costurando
Pra família e vizinhança
De graça também cobrando
Cada peça costurada
Tinha um defeito mostrando.
Como
era muito devota
Pedia em oração
Jesus já paguei meu débito
Não devo mais um tostão
Me mostre outro caminho
Cansei dessa profissão.
Pra
dar conta do roçado
E das costuras que tinha
Passava a noite acordada
Já estava bem magrinha
Pois era a única alfaiate
Que a vizinhança tinha.
Adoeceu
da coluna
Foi essa a única saída
Não pôde mais costurar
Ficou muito agradecida
Só pode ter sido Deus
Que protegeu sua vida
Depois
que ficou curada
Foi criar porco e galinha
Arranjou um namorado
Porque vivia sozinha
Nunca tinha namorado
Porque tempo ela não tinha.
Com
pouco tempo casou-se
Uma família formou
Vivia muito feliz
Depois que os filhos criou
Inventou de estudar
E se alfabetizou.
Samira
vive feliz
Naquela localidade
É um exemplo de vida
Pra toda comunidade
Mas se falar de costura
Ela ainda esconjuraPara toda eternidade
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