quarta-feira, 12 de junho de 2013

NÃO NASCI PRA COSTURAR



Samira uma nordestina
Do Rio Grande do Norte
Nasceu lá em Macambira
Nunca praticou esporte
No ramo da agricultura
Sempre demonstrou ser forte

Foi ela a terceira filha
De Otavo e Augustinha
Aos sete anos de idade
Pra roça se encaminha
Mesmo produzindo pouco
Só voltava à tardezinha.

Assim Samira vivia
Se esforçando a trabalhar
Todo ano era um irmão
E ela tentando a ajudar
Na criação dos moleques
Que só faziam chorar.

As cinco horas da tarde
Vinha da roça chegando
A mãe lhe dava um menino
Pois  já estava esperando
Ela morta de cansada
As vezes ficava chorando.

Sem poder tomar banho
Na parede se encostava
Devido o corpo cansado
De quando em vez cochilava
Só não podia dormir
O moleque não deixava.

No outro dia bem cedo
Depois do galo cantar
Já ia a procura d’água
Antes dos pais acordar
Já tinha enchido um pote
Um balde e um agridar.

Seguindo este roteiro
Sem tempo para estudar
Se criou analfabeta
Só fazia trabalhar
Na roça e botando água
Sem um dia feriar

As suas características
Era gorducha e baixinha
Uma branca avermelhada
Perna fina e pansudinha
Sem pescoço e venta grande
E a voz muito rouquinha.

A família muito grande
Para vestir e calçar
Somente uma vez por ano
O pai podia comprar
Duas peças de tecidos
Difícil era costurar.

Devido as dificuldades
Um dia a mãe resolveu
Tirar Samira da roça
E numa escola a inscreveu
Pra fazer corte-costura
Mas ela não aprendeu.

Cinco meses e três semanas
Ela passou pelejando
Traçava e recortava
As peças ia emendando
No final não dava certo
Sobrava ou estava faltando
.
Quando das aulas saiu
Foi um vestido fazer
Um tubo de linha zebra
Gastou todinho pra cozer
Costurando e desmanchando
Findou botando a perder.

A mãe vendo o movimento
E tamanho do prejuízo
Deu-lhe uma pisa  cruel
Doeu até no juízo
Da próxima lhe tiro o couro
Preste atenção no aviso.

A pobre ficou nervosa
Mas tinha que assumir
Costurava sem saber
Pra poder retribuir
Aquela enorme despeza
Que ela deu sem pedir.

Devido a pouca prática
Ela errava demais
Costurava pros irmãos
Botando a frente pra trás
Até pro irmão mais velho
Que já estava rapaz.

E assim continuou
Errando e costurando
Pra família e vizinhança
De graça também cobrando
Cada peça costurada
Tinha um defeito mostrando.

Como era muito devota
Pedia em oração
Jesus já paguei meu débito
Não devo mais um tostão
Me mostre outro caminho
Cansei dessa profissão.

Pra dar conta do roçado
E das costuras que tinha
Passava a noite acordada
Já estava bem magrinha
Pois era a única alfaiate
Que a vizinhança tinha.

Adoeceu da coluna
Foi essa a única saída
Não pôde  mais costurar
Ficou muito agradecida
Só pode ter sido Deus
Que protegeu  sua vida


Depois que ficou curada
Foi criar porco e galinha
Arranjou um namorado
Porque vivia sozinha
Nunca tinha namorado
Porque tempo ela não tinha.

Com pouco tempo casou-se
Uma família formou
Vivia muito feliz
Depois que os filhos criou
Inventou de estudar
E se alfabetizou.

Samira vive feliz
Naquela localidade
É um exemplo de vida
Pra toda comunidade
Mas se falar de costura
Ela ainda esconjura
Para toda eternidade

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